quinta-feira 08/12/2011

Cápsulas de pequi devem chegar ao varejo

Descoberta de professor da UnB espera apenas autorização da Anvisa para chegar às gôndolas.

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Descoberta de professor da UnB espera apenas autorização da Anvisa para chegar às gôndolas.


O professor Cesar Koppe da UnB, descobriu uma forma de preservar os pequizeiros do Cerrado: agregando valor ao seu produto, o pequi. Em dez anos de pesquisas, Cesar elaborou um produto em cápsulas que concentra as propriedades antioxidantes e antiinflamatórias do extrato e do óleo de pequi. "Quando comecei a estudar o pequi minha ideia não era ganhar dinheiro com isso. Era dar valor ao fruto do pequizeiro para ele não virar carvão em um saco ou pedaço de madeira em uma fazenda. Temos que agregar valor de forma sustentável", explica. Patenteado pela UnB, o produto fitoterápico que previne o envelhecimento aguarda apenas o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ter suas cápsulas comercializadas. Uma empresa de Brasília já adquiriu os direitos sobre a patente.
 
A primeira fase de testes do produto criado por Cesar foi feitas com células em cultura. Já nessa fase, o pesquisador pôde observar a capacidade antioxidante do extrato. Substâncias antioxidantes anulam o efeito dos radicais livres, moléculas responsáveis pelo envelhecimento das células e que são produzidas como resultado de reações químicas do organismo, como a respiração. Na fase seguinte, de testes em camundongos, os resultados foram confirmados.
 
O óleo e extrato começaram então a ser testados em humanos. O professor selecionou um grupo de 126 maratonistas, que, por exercerem atividade extenuante, produzem mais radicais livres. Eles tomaram cápsulas de óleo e extrato de pequi e passaram por uma bateria de exames após as maratonas. Os que tomaram o medicamento tiveram menos danos celulares dos que os que não tomaram.
 
O professor agora passa para uma nova fase: a de teste em pacientes vulneráveis do Hospital Universitário de Brasília. Ele fará os testes em pacientes com lúpus, que por conta da doença, também produzem mais radicais livres. "Os resultados podem apontar até para medicamentos que previnam o câncer. Radicais livres também podem gerar mutações na células", detalha.
 
Cesar destaca também a capacidade de limpar a gordura do organismo. O extrato consegue se ligar ao colesterol ruim e impedir que ele forme placas de gordura nas veias e artérias. "É como se fosse um azeite extravirgem. Só que o azeite vem do outro lado do mediterrâneo, e o pequi está aqui do lado", diz.


Patente da capsula de Pequi


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Para previnir que outros países percebessem o pontencial da fruta e passassem a expolorá-lo, o pesquisador, por meio do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da UnB, patenteou o produto. "Temos que nos proteger, impedir que aconteça o que aconteceu com o açaí, que é nosso mas já foi patenteado por países no exterior", conta. Agora eles correm para fazer o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que deve sair ainda no próximo semestre.
 
Ainda durante a fase inicial, Cesar procurou empresários que quisessem investir na pesquisa. "Nossos empresários não enxergam! Preferem pagar royalties do que ser coautores de uma patente", lamenta. Conseguiu que uma empresa farmacêutica apoiasse emprestando equipamentos. E essa empresa começará a comercializar o óleo e extrato de pequi em cápsulas assim que sair o registro da Anvisa. "A missão da universidade não é fazer comércio. A patente é da UnB, mas temos que transferir essa tecnologia. E eles terão que pagar royalties para a universidade", diz.
 
Na hora de transferir a tecnologia, Cesar conta que fez questão de priorizar a empresa que, além de ter ajudado na pesquisa, é da região. "Já havia uma empresa francesa interessada no extrato também", conta.
 
Para Cesar, o segredo para se preservar o cerrado brasileiro é mapear sua flora e agregar valor a ela. "Até a mídia virou as costas para o Cerrado. Fala-se muito em mapeamento da Amazônia, mas a situação no Cerrado é urgente", defende. "Ainda existem muitas espécies que podem ser trabalhadas: o baru, a arniquinha e o arnicão, todas elas abundantes ainda em áreas de preservação como a Chapada dos Veadeiros", completa.
 

Textos: UnB Agência.
Fotos: Miguel Vilela/UnB Agência

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